Wednesday, October 17, 2007

Ecos




Ecos,
Das tuas palavras sibiladas,
Em tempos idos
Recordações,
Apenas já,
Vagas sensações
Desse teu sussurrar
Em meus ouvidos.

Destroços dos teus sorrisos,
Vagueiam em meu
Pensamento.
Ruínas do que fomos,
Cravando fundo em mim.
Pudera eu ter-te aqui de novo,
Para construir de novo,
Tudo aquilo que ruiu.

Dá sinal de ti,
No meu deserto,
Na brancura dos meus dias
Pinta arco-íris,
Na languidez dos meus momentos
O palpitar do teu amor,
Transformado em pó de sonhos,
Entre os dedos
Já cansados
De agarrar:
O longínquo
O Breve,
Ou apenas:
O que nunca existiu.

Thursday, October 11, 2007

O amor dos nossos tempos


Ainda no outro dia, andávamos de mão dada com a nossa mãe, fazendo perguntas a torto e a direito, quando hoje nos calamos nos silêncios e não perguntamos nada, porque temos medo das respostas ou do vazio de não haver respostas. Calamo-nos e perdemos o olhar em qualquer ponto distante.
Esta vida da cidade cosmopolita, tornou-nos sombras projectadas numa parede, sombras essas que se movem lenta e silenciosamente, sem ousarmos os gestos bruscos, para nos arrancarmos dessa rede de amores inconfessos, porque o que descobrimos sempre - é que estamos sós - sempre sozinhos. Pequenas ilhas num mar de turbulência exestencial, que nos condena à cortina das palavras para esconder a plenitude de um anjo redentor, que nos canta, mas não nos consola da dor que nos arrepia e asfixia até ao limite do que conseguimos suportar.
Agarramo-nos a velhos dogmas, a caras sorumbáticas, mas um carinho é uma raridade.
O amor hoje é mais concreto, porque se vive mais no movimento de morar no corpo do outro, do que na sedução maravilhosa, que é amar impulsivamente o cetim da pele da coisa amada.
Mas a ideia de amar o amor, morreu, com o marinheiro triste que chorava. Trouxeram-nos a liberdade, mas tiraram-nos a utopia. Aquela sensação estranha de estar apaixonado e sentir uma grossa linha de entusiasmo a subir pela espinal medula acima. Mas quem amar num mundo onde as pessoas se dedicam ao descrédito de si próprias e só querem a sua vitalidade resumida a uma essência material e finita, algo que não fique a perpetuar no tempo, como a promessa de um beijo.

Wednesday, October 10, 2007

Aroma das Flores


Nunca
Ninguém te disse
Que da determinação
De um sentimento
Nasce o seu reflexo
No espelho.
Se te nomeias amante
Da coisa amada
Na teimosia
De algo imenso.
Eu só me posso
Submeter
A essa vontade envolvente.
Enfim,
Seremos pétalas
De uma
Mesma flor.
Begónia
Bongavília
Flor de uma cor rara.
Doa aromas
Um só possível
Nesse jardim
Que significas.
Quando a infância
Se desprende do azul,
Toda a mitologia
Caí de uma só vez.
Ficam apenas
Essas fragâncias
De flores murchas
Pelo jardim.

Friday, September 21, 2007

Como no primeiro dia

Corremos,
Corremos pela praia fora,
Estancámos de repente,
E olhamo-nos,
Como no primeiro dia.
Corremos outra vez,
Desta vez,
Mais velozes que nunca,
Quase,
Não consiguiamos parar,
De tanto
Os nossos passos se confudirem,
Num mesmo movimento,
De saudade e amargura.
Quando finalmente,
Consegui parar,
Sentei-me
Numa pedra do caminho,
Quando olhei,
Já não estavas lá!
Onde foste?
Que me esqueci
Do teu jeito de olhar
Como a sede
De uma planicíe deserta
Num Verão em pino.
Quis acordar
Do sonho,
E quando finalmente o fiz,
A cama estava vazia de ti.
Fiquei horas
Na contemplação
Das mesmas horas
Que não passam.
Mais uma vez a data tinha passado
E a promessa por cumprir.
Quando me virei
Para o pôr do sol
Já era Inverno outra vez.
Tremi de arrepio
No tormento dos pés frios
Quendo será outra vez estio?
Na mágoa
De uma canção
Do primeiro dia.

Friday, September 14, 2007

O assobio



Um assobio
Numa terra distante,
De um enclausurado norte.
Vento,
Que redopiou,
E se tornou sul,
E na minha mão
Assentou.
Memórias,
De outras Outonos,
Madrugadas,
De outras Primaveras.
Vem tudo
Eclodir
Na sílaba
De um grito.
Quis tapar os ouvidos
Perante esse clamor
Vindo
De uma aldeia
Perdida no espaço,
E envolvida
Em embaraço.
Quis cuspir
O grito
E soube-me a boca
A bafio
De outras quimeras
Mais destas.
Enfim,
Veio o silêncio,
Que purifica
Após as tempestades,
E fiquei só contigo
Na praia.

Saturday, August 4, 2007

Paz

A paz já não mora aqui
Houve alguém que a levou
E só a lembrança deixou
Num requinte de amor ausente.
Ficaram memórias,
Ficou a carta por escrever,
Mas a paz,
Essa,
Já não mora aqui.
Prenúncios de tempos vindouros,
Ausências cada vez
Mais tenazes
Porque o tempo avança
Na sua cupidez,
E assim vai sendo,
Cada vez mais
A paz não mora aqui.

Wednesday, July 18, 2007

Amendoeira

Amendoeira em flor
No tornear do seu tronco
A seda se entralaça
E me embaraça
Na beleza
Do seu
Encantamento branco
São encantos
São doçuras
São enfim
A delicia de um olhar
Par quem o tem
Mas fragmentado
Logo ele
Todo se aglutina
Par observar
Esta soberba
Maravilha natural.

Ambição


Cristalização do meu ser
Para que dele surja o cristal
De forma perfeita
E quimica complexa
A alma em mineral
Pedra dura
contendo os gritos
Que em mim calo
Dar à minha alma
Vida e cor
Para ser tangente
Ao meu eu ideal
Mas a pedra
Continua por lapidar
Os versos por retocar
E tudo por dizer
No dorido verbo amar
Soltar a caneta
Para que no branco do papel
Outra palavras mais bonitas
Eu escreva
Já nem sei quem sou
Perdi-me no caminho
Na busca
Para onde vou...

Monday, July 16, 2007

O Estorvo

Um estorvo me condiciona,
Num esforço total,
De maré vazia.
Acordo,
Com as pálpebras invertidas,
Que prendeu a minha alma,
A este asterico.
Nunca mais se faz dia!
A noite corrompe-me os sentidos,
E torna urgente a mágoa,
Nestas palavras silibadas,
A quem alguém,
Uma vez chamou,
Bem ou mal,
Poesia.
São necessários estes sons,
Que me perpetuam a voz,
Num código genético,
Fugido ao ser,
Que não me nasce no ventre.
Vou e venho,
Neste quarto em labirinto,
Tropeçando,
Nos meus próprios silêncios.
A luz da manhã,
Penetar-me a íris,
Acordo,
Numa predição
De mão estendida.
Quero dizer que estou aqui,
Mas ninguém me ouve,
Se calhar porque não estou
Já me ausentei noutros mares
Tão distantes,
Mas tão perto do sonho.

Wednesday, June 20, 2007

Miguel

Era cedo demais,
Para quereres os meus braços,
Agora,
É tarde demais,
Par todo este espaço.
Entrego-te a minha pureza
Nesta estranha combinação
Em que me tento indificar.
Eu quero mais,
Quero sempre mais.
Num grito,
Quero-te a ti.
Vou desembainhando a minha roupa
Nesse esforço louco
De te ter mais próximo de mim.
Esse nosso amor,
Une-nos e separa-nos
Torna-nos mais distantes
E mais indivisíveis.
Amor,
Vem de manhã
Cantar-me canções ao ouvido.
Que eu conto-te
Todos os meus segredos
Agora,
Que morreu
Esse silêncio
Que me morava
Na voz.

Thursday, June 14, 2007

Morando nos silêncios

Este sentimento
De estranheza
De não sentir concêntricas,
A esfera do meu sentir
E do meu ser.
Este algo indefinido,
Que não se consegue dizer,
Porque,
Ainda não se inventaram
Palavras,
Para dizer,
O que mora
Nos silêncios.

Friday, June 8, 2007

Amor peculiar

De amor
Tão terno,
Parecia
O primeiro.
De amor
Tão eterno,
Parecia
O último.
De fôlego
tão imenso,
O vendaval,
Se fez
Brisa.
De luz
Tão imensa,
Na estrela
Eclipse.
Na suavidade
O ardor
Deste algo
Tão intenso.

Wednesday, May 16, 2007

O mar


O mar imenso,
Cresceu
Por dentro de mim.
Nessa luta,
De luares
E marés.
Encrespou-se,
E as vagas
Fugiram
Para fora
Do meu ser,
Num remoinho.
Quis chorá-lo,
Mas a sua grandeza,
Só me deixou,
Ouvi-lo,
Nessas profundezas,
Que eu nem sequer conhecia.
Vem até mim,
Amigo,
Que quanto mais
Gostares do que sou,
Mais mar,
Eu te empresto.

Thursday, May 3, 2007

Wings

My wings
are my eyes
only it
Can fly in the sky
The wings of my soul
are broken
Because
Love
Yes, love
Is given and not returned
Come my lover
And give me a kiss
Make my soul
Flies again


Flowers


I was in the countryside,
I felt so alone
That I cried very hard
Almost I want to die
I went into the green fiels
With spots of all colors
Given by
The flowers
Of all kinds
Whispering songs of joy
Thanking the spring
For coming
I want temporally
(it only for a second)
To see that beauty
In front of my eyes
But all
I can saw
Was my hand empty
Of stars
That the sky
Won`t give to me.

Wednesday, May 2, 2007

London City

I have already
been to London city
And I enjoyed it
That the only thing
I can wish
Is to come
back there
Once more
The sky
Is not always blue
But the green
of the parks
Makes you feel so happy
That the only thing
You can wish
Is to be there once more.

Monday, April 16, 2007

The draw cames
Unexpectedly
Sorry,
If is not beatiful
Sorry,
If is not what you expect
But my eyes,
Do not see the light
But I live
In a world of shadows
And all I can do
In my draw
Is a whisper
Of my dreams.

Sunday, April 15, 2007

Minha vida

Tristeza,
Tecido
Da minha vida entrelaçada.
Coloquei a minha vida
Numa mão fechada
Abri-a,
Estava cheia de nada.

Wednesday, April 11, 2007

Incógnita


Quando um homem pensa,
algo por dentro se transfigura,
e no pendor da acção,
em algo,
do exterior,
se dá a metamorfose.
Precipita-se em algo de indelével,
quando algo de cognitivo alastra,
por uma mente em ebulição,
e no teor de algo novo,
um pingo se alucina.
É porém,
algo de desconhecido,
que dá mais luta ao ser,
na procura do seu próprio equilíbrio,
na alma em moldagem,
e o corpo em declinio.
É estranha,
todavia,
essa premeditação,
de querer conhecer,
e tornar verdadeiro
o que se conhece,
no fundo de um espiríto,
que se aglutina e dispersa,
num desejo de coesão,
que os elevados têm.


Monday, April 2, 2007

Darkeness

The darkeness is in my sleep
Into my eyes
I wake
I see the light
But I don´t see you
And then,
There is darkeness again.

Friday, March 30, 2007

O Presente



Anabela Mestre(Acróstico)
Aqui chegou... Vida nova aspirou!
Na vida foi crescendo, fez-se mulher,assim cursou.
A sua alma anseia desfrutar e partilhar...
Belos tempos que outrora viveu
Em longíqua terra africana... E?
Latejando os amigos lá deixou.
Agora integram essa escolástica, que sempre amou !
Mas?Em tempo... Psicoanalisou, irradiando o seu sonhar...
Eleita como membro do Mensageiro da Poesia...
Seguindo os seus ideais... Sua pátria é Portugal,
Terra dos seus queridos pais...
Redobrando os valores dessa continuidade...
Elevando a prosa e a poesia, sem idade.
Pinhal Dias- Amora- Portugal

Wednesday, March 21, 2007

Ama-me por uma razão qualquer


Se não puderes,
amar-me,
pelo que sou.
Ama-me,
pelo que te dou.
Através das janelas obscurecidas,
pelo medo da luminescência.
Ama-me,
pelas folhas ressequidas,
que se acumulam na varanda,
quando o Verão foi longo e ardente,
mas teve de ir embora,
para outros lugares.
Ama-me,
por aquilo que crias-te,
à sombra dos meus olhos claros.
Que eu amo-te,
à sombra do que criei à luz,
dessa ternura calada em teus lábios.
Se não me puderes amar,
pelo que sou.
Ama-me,
por uma razão qualquer.
Num pino de inocência e pecado,
numa criação mútua,
que fizemos um do outro.

Tuesday, March 20, 2007

Imaginação




Nem tanto ao mar,
nem tanto à terra,
não sejamos tão sedentos,
que queíramos ir ao fim das coisas,
é melhor:
deixar sempre um espaço em branco
onde caiba a imaginação
obliterando
essas mesmas coisas,
ensaiando novos espaços e novos tempos,
que façam da nossa memória
cada dia
uma nova memória.

Monday, March 19, 2007

Words



There was a rose in your hand
I robbed it from you
I thought about it
And I throught her petals to the wind,
Hope time to bring me news.
Nothing matters ,
When trhere is only one way,
We have to bend
Our silhouettes to the faith
Let the prayer of spring
Escape from lips
And the answer
To the letter
One day will come with the sun.
The secret was so soon revealed
To me,
Sleeping soundly all the truths in my soul
So,
When I speak to you
All my words are saying
Remain in silent.

Wednesday, March 14, 2007

Levemente



Breve sopro,
levre brisa,
no meu ombro poisou,
pássaro de passagem,
ou mão,
que logo abalou.
Voltei-me,
e nada vi,
só esta paisagem
certa e eterna,
imutável através dos anos,
que esculpem em mim,
outra estátua.
Nesta alma
sem destino,
Neste corpo
sem razão.
O passado fica suspenso,
perante,
a cratera do amanhã,
profundeza abissal.
De flores e sementes,
rosas tão carentes,
esperam o pronúncio,
de uma presença,
desfolhando,
em cada pétala cerrada,
meu líquido, de encanto branco.

Monday, March 12, 2007

A mulher que quero ser

Luto pela mulher,
que quero ser.
Num tom destemido
de quem vai alcançar
O distante.
num tom profundo
de quem vai alcançar
O amanhecer.
E nessa mulher
em que me idealizo,
ponho todo o meu empenho,
num tom supremo
de quem destina
o seu pensamento.
Quero seguir
sempre em frente,
comigo
ser honesta
para sempre
não ser ausente
um pouco mais de esplendor
nesta minha aposta.
Em som profundo
eu grito
esta minha condição
lutar singular
num mundo
em que se quer
a vida bela.
Furiosamente
tiro os espinhos da rosa
vida breve e virtuosa
em cada vértice
é a minha alma
mais exposta.
Viro o meu rosto
a esta leve brisa
queme circunda
quero ser mulher ampla
nesta cidade,
que me encostam,
a este rio,
que atravesso,
em busca da serenidade,
que urge atingir.

Tuesday, March 6, 2007

O Cosmos surgiu da súbita manhã caótica.
Bastaram três minutos para formar em essência,
tudo isto que está para além de nós.
E este espaço, que não conseguimos medir,
está em constante expansão,
embora, segundo se diz, seja finito.
Sim, o espaço é finito, enquanto o tempo é infinito.
Curiosa figura de estilo, imposta por este nosso vasto Universo,
Pois, para nós humanos parece exactamente o contrário.
Somos ainda apenas crianças,
deslumbrados com as maravilhas que podem existir para além
deste planeta onde:
estamos confinados
e onde tentamos sobreviver.

Monday, February 26, 2007

Talking

Let me get into your world
where the iris of the eyes are clear
like crystalline water
and the mirrors,
only show
bright shadows.
For once,
tell me all the truth
and my mistake
will be gorgiven
no more forbidden words,
or gestures
that never came.
Let`s subdue
to the mystery of the faith
a trace is not enough
to life
becames what it must be
a kiss tells more,
then all the words.

Desejo

Põe o teu corpo,
ao alcance da minha mão
para que o encanta da minha alma,
te seduza
e o saber de mim
te ensine
os labirintos dos meus rios.
Vou nesta onda
em que percorres o meu espaço
nesta densidade
de seres o meu tempo
Nesta luminosidade
em que acalmas o meu momento.
A luz que brilha nos teus olhos
brinca quando se acende
e tu dás-me a mão
quando a luz se apaga.
No meio de tanta gente
eu encontrei este vôo de pássaro
que me liberta e me persegue
na penumbra
desses corpos entregues
a si próprios.

Onde nascem os rios

Fomos de pés descalços
pelas ribanceiras,
fomos ver
onde terminavam os rios.
Quando demos por nós,
nasciam no lado contrário à foz.
Fomos devagar,
devagarinho,
para não acordar os anjos
do seu sono profundo.
Fomos ver o fim das coisas,
para descobrir:
que elas não acabam.
Anda ver o mar,
na sua beleza derramada,
nesta ternura sincera
de um amor que pode acontecer.
Fomos
para não nos perdermos,
E só nos encontrámos
quando o vento acabou.
Eu quero ir encher a retina do olhar,
de cores deslumbrantes,
de um Inverno todo desaguado,
de um Verão em desatino.
Os corpos rolam na areia,
até encontrarem a água salgada,
ou então:
alguém pronunciar
o local onde começam os rios.
Fomos
de olhos rasgados,
em busca da profundidade da noite.
Parámos pelo caminho,
num banco de jardim
quando acordámos
já era manhã
e nos corpos
deixara de correr
o sangue dos vampiros.
Desembanhiei a minha espada
do cinto de metal
e gritei.

Saturday, February 24, 2007

O reino dos deuses

O reino dos deuses,
protegendo-nos no silêncio
de todo o mal.
Esculpindo em nossos rostos:
Força,
que o nosso espírito não sente.
Partimos de mundo em mundo,
em busca,
do princípio das coisas,
para descobrirmos,
que afinal estávamos sós,
vergados pelo peso da existência.
Vislumbrar no meio de tanta confusão,
o caos rodeando os caminhos,
a substância que se fez,
matéria,
em nosso corpo,
sentimento,
em nossa alma.
Poder acreditar na mão divina,
suspendedo-nos o passo,
ante o perigo,
mas quando nos voltamos,
só ficou o pó,
em que o tempo nos transforma.

Levemente


Breve sopro,
leve brisa,
no meu ombro poisou,
pássaro de passagem,
ou mão,
que logo abalou.
Voltei-me,
e nada vi.
Só a paisagem certa e eterna,
imutável através dos anos,
que esculpem em mim,
outra estátua.

Nesta alma sem destino,
neste corpo sem razão,
o passo fica suspenso,
perante,
a cratera do amanhã,
profundeza abissal.
De flores e sementes,
rosas tão carentes,
esperam o pronúncio,
de uma presença,
desfolhando,
em cada pétala cerrada,
meu líquido,
de encanto branco.

Nervuras de mármore e beijos frios


Havia nervuras de mármore
num corpo esculpido,
antigo.
Quando o bico dos pássaros,
o penetrou,
num eco contudente,
de lábios feridos.
Acordaram as freiras,
num mosteiro distante,
e os rosários,
foram histórias desfolhadas,
pela noite fora.
Sem que em ninguém presente,
houvesse a obliquidade,
de estancar o desenrolar,
de uma corrente sem sentido.
Houve beijos frios,
num pingo de sangue derramado,
em pés de estátua branca e despida,
E, talvez, amanhã,
já ninguém se lembre.

Som primordial


Houve um som primeiro,
que o acaso,
e a necessidade fabricaram.
dando poder ao homem,
de se mostrar no que diz,
de se esconder no que se cala.
Dessa cena primitiva,
de acontecimento fulcral,
emana tudo aquilo,
que o branco do silêncio,
não é capaz de exprimir.
Da força de uma palavra,
pode surgir
o que nem todo o tempo produz:
uma rendição ao outro.
Da palavra certa,
Pode nascer o encontro.