Fomos de pés descalços
pelas ribanceiras,
fomos ver
onde terminavam os rios.
Quando demos por nós,
nasciam no lado contrário à foz.
Fomos devagar,
devagarinho,
para não acordar os anjos
do seu sono profundo.
Fomos ver o fim das coisas,
para descobrir:
que elas não acabam.
Anda ver o mar,
na sua beleza derramada,
nesta ternura sincera
de um amor que pode acontecer.
Fomos
para não nos perdermos,
E só nos encontrámos
quando o vento acabou.
Eu quero ir encher a retina do olhar,
de cores deslumbrantes,
de um Inverno todo desaguado,
de um Verão em desatino.
Os corpos rolam na areia,
até encontrarem a água salgada,
ou então:
alguém pronunciar
o local onde começam os rios.
Fomos
de olhos rasgados,
em busca da profundidade da noite.
Parámos pelo caminho,
num banco de jardim
quando acordámos
já era manhã
e nos corpos
deixara de correr
o sangue dos vampiros.
Desembanhiei a minha espada
do cinto de metal
e gritei.